O turismo de
eventos está inserido no conteúdo da edição de dezembro de 2018 da revista
Turismo em Pauta, do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC –
Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo. A publicação
aborda os efeitos das novas tecnologias, que estão mudando a forma de fazermos
as coisas, e sugere uma reflexão sobre os desafios do setor, a partir de três
palavras: inovação, sinergia e compartilhamento.
Participaram desta edição representantes da Academia
Brasileira de Eventos e Turismo e de outras entidades, com os seguintes temas:
Tendência dos Eventos do Brasil. O que podemos esperar? – Armando
Arruda de Campos Mello;
Os eventos podem ser um meio para unir Turismo e Cultura – Elsa
Tsumori;
Marketing compartilhado no Turismo – Raimundo Peres;
A hora e a vez dos eventos no Brasil – Guilherme Paulus;
Eventos, a força que move o Turismo – Enid Câmara;
Governança para o desenvolvimento sustentável em Turismo – Professor
Dr. Mário Beni;
A importância da realização de eventos corporativos para o
Turismo – Romano Pansera.
Para o presidente
da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Armando Arruda Pereira de Campos Mello, “nos últimos 20 anos, mais
de 84 milhões de compradores participaram de feiras de negócios no Brasil, um
número invejável para qualquer segmento econômico do País”. E Armando pergunta
e responde ao mesmo tempo qual é o segredo das feiras de negócios? Por que elas
conseguem gerar, em poucos dias, negócios tão bons para tantas empresas? Para
ele, “o segredo está na capacidade de proporcionar o que há de mais importante
e valioso no mercado: o contato comercial direto entre comprador e vendedor”,
cara a cara – olho no olho.
A diretora da
Casa Barcelona, Elsa Tsumori, aborda
a área de eventos do live marketing, que faz uso de tecnologia e criatividade e
consegue uma memorização maior e duradoura da mensagem. Estudiosa de Arte,
Cultura e Eventos, que é o mundo do marketing cultural, Elsa sugere uma união
com eventos e o marketing de destinos para abrir caminhos e atrair mais
turistas. A ideia é descobrir detalhes interessantes das localidades e unir a
população local em torno de uma causa: desenvolvimento econômico e social. “É
dessa forma que transformaremos um local numa atração”.
Membro da
Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Raimundo
Peres aborda o Marketing compartilhado no Turismo contando sua experiência
na recuperação do turismo em Foz do Iguaçu, no fim de 1999. Naquele momento, o
turismo, principal atividade econômica do município, estava em crise: hotéis
sucateados, com baixa ocupação e sem recursos para a sua manutenção, demanda
escassa e inadequada, formada por muambeiros, que iam ao destino apenas com o
objetivo de realizar compras no Paraguai para revender nas suas cidades de
origem.
Com a força do
potencial turístico do destino, como as Cataratas do Iguaçu e a Hidroelétrica
de Itaipu, o marketing compartilhado foi adotado numa parceria com o Rio de
Janeiro. Os resultados foram surpreendentes a partir da identificação do
público-alvo. “Os esforços do marketing compartilhado na promoção conjunta dos
destinos produziram uma alta sinergia, com resultados espetaculares, e Foz do
Iguaçu passou a figurar no ranking nacional, em menos de três anos, como o
segundo destino que mais atraia turistas internacionais, ficando atrás apenas
do Rio de Janeiro”.
O professor e
conferencista pernambucano Roberto
Pereira considera o Turismo de Eventos cada vez mais atraente aos
profissionais do ramo e aos visionários do desenvolvimento socioeconômico. “Um
evento tem o poder de movimentar um imenso quantitativo de profissionais
durante a sua realização, promovendo uma considerável dinâmica econômica nas
cidades que o abriga”. Baseado em dados oficiais, Pereira afirma que “o Turismo
de Eventos vem movimentando quase R$ 15 bilhões por ano, decorrente de uma
espiral de crescimento em progressão geométrica dessa modalidade”.
O fundador da
CVC, Guilherme Paulus, despede-se de
2018 com otimismo. “Como prevíamos, tivemos meses excelentes, apesar
da crise e da instabilidade política que o nosso país atravessa”. Paulus cita “um
estudo com mais de 2,7 mil empresas do setor de eventos, realizado pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional e pela
Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), que aponta movimentação
superior a R$ 209,2 bilhões ao ano, motivo pelo qual o Brasil segue crescendo a passos largos. Hoje, ocupamos o terceiro lugar no ranking dos motivos que fazem
os estrangeiros mais virem ao Brasil (eventos), segundo a própria associação”.
O crescimento médio é de 14% ao ano.
A diretora da
Academia Brasileira de Eventos e Turismo para o Estado do Ceará e presidente da
Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-CE), Enid Câmara, destaca a atividade turística como um dos eixos mais importantes para a sustentabilidade socioeconômica de um destino, atrelada ao
segmento de eventos, que mais gera emprego e renda. “Desde 2014, o Brasil
atravessa uma séria crise econômica, porém, o nosso setor vem apresentando um excelente desempenho, superando a crise, se reinventando e aprendendo a fazer
mais com menos”.
Enid cita os
números do setor. No Brasil, a indústria de eventos movimenta mais de R$ 67
bilhões por ano e gera 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Com números
positivos no setor, Enid sugere um olhar diferenciado de entidades e governo e
pergunta “o que falta para sermos vistos pelos governos e instituições de
fomentos”? Como desafios para continuar crescendo, Enid aponta dois itens
importantes: participar do Orçamento Geral da União e estar presente e junto na
construção das políticas públicas para o setor.
“Para avançarmos
na construção de políticas públicas focadas para o nosso segmento de Eventos e
Negócios, precisamos de parlamentares
comprometidos com um dos mais importantes setores da economia. Um setor que
apresenta um PIB equivalente ao do Agronegócio, porém, muito longe de ter a sua
representatividade política. Trabalhemos para que possamos, todos juntos, mudar
este cenário”.
Doutor em Ciências da Comunicação e membro efetivo do Conselho Nacional de Turismo (CNT), Mário Beni destaca a utilização da governança por diferentes campos de estudo, o que originou conflitos e controvérsias. “Apesar de ainda não existir um consenso sobre quais as dimensões a serem consideradas para a governança de destinos turísticos, alguns acadêmicos estudiosos conseguiram articular a abordagem das ciências públicas com a gestão, definindo a governança aos destinos turísticos como “o estabelecimento e desenvolvimento de regras, arranjos institucionais e mecanismos conjuntos para a política, bem como estratégias de negócio envolvendo todas as instituições e indivíduos ligados ao setor de Turismo”.
Titular de
vários cargos públicos e fundador da agência de live marketing promovisão, Romano Pansera discorda de
considerações que apontam que “os eventos estão mortos e que as pessoas não têm
mais tempo de sair da empresa e ir ao encontro de outras”. Atuante nos eventos
corporativos, Pansera destaca que o mercado brasileiro de turismo está
evoluindo nesse sentido. “No momento, precisamos conhecer e compreender o que é
necessário para que o mercado cresça como um todo, e para que o Brasil seja um
destino de eventos corporativos cobiçado nacional e internacionalmente. O que
vemos hoje é que o Brasil perde eventos de empresas nacionais para destinos
internacionais, porque nem sempre consegue entregar a qualidade exigida e que,
por muitas vezes, é ainda mais caro que destinos estrangeiros”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário