segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Turismo em Pauta - Quem pensa e faz o turismo acontecer

O turismo de eventos está inserido no conteúdo da edição de dezembro de 2018 da revista Turismo em Pauta, do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC – Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo. A publicação aborda os efeitos das novas tecnologias, que estão mudando a forma de fazermos as coisas, e sugere uma reflexão sobre os desafios do setor, a partir de três palavras: inovação, sinergia e compartilhamento.

Participaram desta edição representantes da Academia Brasileira de Eventos e Turismo e de outras entidades, com os seguintes temas:

Tendência dos Eventos do Brasil. O que podemos esperar? – Armando Arruda de Campos Mello;

Os eventos podem ser um meio para unir Turismo e Cultura – Elsa Tsumori;

Marketing compartilhado no Turismo Raimundo Peres;

A hora e a vez dos eventos no Brasil – Guilherme Paulus;

Eventos, a força que move o Turismo – Enid Câmara;

Governança para o desenvolvimento sustentável em Turismo – Professor Dr. Mário Beni;

A importância da realização de eventos corporativos para o Turismo – Romano Pansera.

Para o presidente da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Armando Arruda Pereira de Campos Mello, “nos últimos 20 anos, mais de 84 milhões de compradores participaram de feiras de negócios no Brasil, um número invejável para qualquer segmento econômico do País”. E Armando pergunta e responde ao mesmo tempo qual é o segredo das feiras de negócios? Por que elas conseguem gerar, em poucos dias, negócios tão bons para tantas empresas? Para ele, “o segredo está na capacidade de proporcionar o que há de mais importante e valioso no mercado: o contato comercial direto entre comprador e vendedor”, cara a cara – olho no olho.

A diretora da Casa Barcelona, Elsa Tsumori, aborda a área de eventos do live marketing, que faz uso de tecnologia e criatividade e consegue uma memorização maior e duradoura da mensagem. Estudiosa de Arte, Cultura e Eventos, que é o mundo do marketing cultural, Elsa sugere uma união com eventos e o marketing de destinos para abrir caminhos e atrair mais turistas. A ideia é descobrir detalhes interessantes das localidades e unir a população local em torno de uma causa: desenvolvimento econômico e social. “É dessa forma que transformaremos um local numa atração”.

Membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Raimundo Peres aborda o Marketing compartilhado no Turismo contando sua experiência na recuperação do turismo em Foz do Iguaçu, no fim de 1999. Naquele momento, o turismo, principal atividade econômica do município, estava em crise: hotéis sucateados, com baixa ocupação e sem recursos para a sua manutenção, demanda escassa e inadequada, formada por muambeiros, que iam ao destino apenas com o objetivo de realizar compras no Paraguai para revender nas suas cidades de origem.

Com a força do potencial turístico do destino, como as Cataratas do Iguaçu e a Hidroelétrica de Itaipu, o marketing compartilhado foi adotado numa parceria com o Rio de Janeiro. Os resultados foram surpreendentes a partir da identificação do público-alvo. “Os esforços do marketing compartilhado na promoção conjunta dos destinos produziram uma alta sinergia, com resultados espetaculares, e Foz do Iguaçu passou a figurar no ranking nacional, em menos de três anos, como o segundo destino que mais atraia turistas internacionais, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro”.

O professor e conferencista pernambucano Roberto Pereira considera o Turismo de Eventos cada vez mais atraente aos profissionais do ramo e aos visionários do desenvolvimento socioeconômico. “Um evento tem o poder de movimentar um imenso quantitativo de profissionais durante a sua realização, promovendo uma considerável dinâmica econômica nas cidades que o abriga”. Baseado em dados oficiais, Pereira afirma que “o Turismo de Eventos vem movimentando quase R$ 15 bilhões por ano, decorrente de uma espiral de crescimento em progressão geométrica dessa modalidade”.

O fundador da CVC, Guilherme Paulus, despede-se de 2018 com otimismo. “Como prevíamos, tivemos meses excelentes, apesar da crise e da instabilidade política que o nosso país atravessa”. Paulus cita “um estudo com mais de 2,7 mil empresas do setor de eventos, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional e pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), que aponta movimentação superior a R$ 209,2 bilhões ao ano, motivo pelo qual o Brasil segue crescendo a passos largos. Hoje, ocupamos o terceiro lugar no ranking dos motivos que fazem os estrangeiros mais virem ao Brasil (eventos), segundo a própria associação”. O crescimento médio é de 14% ao ano.

A diretora da Academia Brasileira de Eventos e Turismo para o Estado do Ceará e presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-CE), Enid Câmara, destaca a atividade turística como um dos eixos mais importantes para a sustentabilidade socioeconômica de um destino, atrelada ao segmento de eventos, que mais gera emprego e renda. “Desde 2014, o Brasil atravessa uma séria crise econômica, porém, o nosso setor vem apresentando um excelente desempenho, superando a crise, se reinventando e aprendendo a fazer mais com menos”.

Enid cita os números do setor. No Brasil, a indústria de eventos movimenta mais de R$ 67 bilhões por ano e gera 7,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Com números positivos no setor, Enid sugere um olhar diferenciado de entidades e governo e pergunta “o que falta para sermos vistos pelos governos e instituições de fomentos”? Como desafios para continuar crescendo, Enid aponta dois itens importantes: participar do Orçamento Geral da União e estar presente e junto na construção das políticas públicas para o setor.

“Para avançarmos na construção de políticas públicas focadas para o nosso segmento de Eventos e Negócios, precisamos de parlamentares comprometidos com um dos mais importantes setores da economia. Um setor que apresenta um PIB equivalente ao do Agronegócio, porém, muito longe de ter a sua representatividade política. Trabalhemos para que possamos, todos juntos, mudar este cenário”.  

Doutor em Ciências da Comunicação e membro efetivo do Conselho Nacional de Turismo (CNT), Mário Beni destaca a utilização da governança por diferentes campos de estudo, o que originou conflitos e controvérsias. “Apesar de ainda não existir  um consenso sobre quais as dimensões a serem consideradas para a governança de destinos turísticos, alguns acadêmicos estudiosos conseguiram articular a abordagem das ciências públicas com a gestão, definindo a governança aos destinos turísticos como “o estabelecimento e desenvolvimento de regras, arranjos institucionais e mecanismos conjuntos para a política, bem como estratégias de negócio envolvendo todas as instituições e indivíduos ligados ao setor de Turismo”.

Titular de vários cargos públicos e fundador da agência de live marketing promovisão, Romano Pansera discorda de considerações que apontam que “os eventos estão mortos e que as pessoas não têm mais tempo de sair da empresa e ir ao encontro de outras”. Atuante nos eventos corporativos, Pansera destaca que o mercado brasileiro de turismo está evoluindo nesse sentido. “No momento, precisamos conhecer e compreender o que é necessário para que o mercado cresça como um todo, e para que o Brasil seja um destino de eventos corporativos cobiçado nacional e internacionalmente. O que vemos hoje é que o Brasil perde eventos de empresas nacionais para destinos internacionais, porque nem sempre consegue entregar a qualidade exigida e que, por muitas vezes, é ainda mais caro que destinos estrangeiros”.



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