Meio século de música leva turistas a Campos do Jordão |
Quando em 1970 o maestro Eleazar de Carvalho
idealizou para Campos do Jordão um festival de música erudita inspirado no de
Tanglewood, nos Estados Unidos, ele não imaginava que sua ideia fosse se
transformar no maior e mais importante evento do gênero na América Latina.
Desde os primeiros concertos no Palácio Boa Vista, já são 50 anos de história.
E agora, quando completa meio século de existência, o festival entra em uma
nova fase.
A edição de 2019 vai contar com outros ritmos. A
abertura será tradicional, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo,
dia 29 de junho, no auditório Cláudio Santoro. Mas entre os 150 espetáculos
previstos também estão shows musicais com artistas populares. Ainda no dia 29,
Mônica Salmaso vai se apresentar na concha acústica da praça de Capivari. Dia
30, Carlinhos Brow vai subir no mesmo palco.
A programação será encerrada no dia 27 de julho |
Dia 6 de julho será a vez de Fafá de Belém se
apresentar na praça de Capivari. Dia 13, Toquinho vai cantar seus grandes
sucessos. Uma semana mais tarde, no dia 20, Lenine será a atração principal na
concha acústica. No dia 27 de julho, encerrando a programação popular, o samba
vai invadir Campos do Jordão com a apresentação de Diogo Nogueira. Todos os
artistas serão acompanhados pela orquestra Jazz Sinfônica.
Apesar da mistura pop, a música erudita ainda
domina a programação. Merece destaque o pianista Nelson Freire, que vai se
apresentar no auditório Cláudio Santoro dia 11 de julho; o recital de Jean
Louis Steuerman, dia 23, na Sala São Paulo; e o dueto de Arnaldo Cohen com o
violoncelista Viktor Uzur, também na capital. A parte pedagógica, que é a
essência do Festival, está mantida. Durante 30 dias cerca de 200 jovens
bolsistas vão estudar com os maiores nomes da música clássica mundial. Durante
esse conservatório, também vão formar uma orquestra trazendo no repertório
peças de Cláudio Santoro, Schumann e Ripper, entre outros compositores.
HOTEL TORIBA: DE VOLTA ÀS ORIGENS
O Hotel Toriba faz parte da história musical de Campos do Jordão |
A introdução da Música Popular Brasileira não é a
única novidade presente na programação. A edição de número 50 também vai
revisitar um dos espaços mais tradicionais da música clássica em Campos do
Jordão: o Hotel Toriba.
Muito antes dos primeiros acordes surgirem na
serra, em 1970, o Toriba já recebia concertos. O piano Steinway, fabricado no
começo do século passado, e que continua impecável até hoje, é a prova dessa
ligação forte do hotel com a música. Tanto que serviu de laboratório para a
criação do Festival. “O maestro João Carlos Martins me contou que a reunião que
decidiu criar o Festival de Inverno aconteceu nas dependências do hotel”,
revelou Aref Farkouh, proprietário do Toriba.
A partir de 2014, as apresentações musicais que
eram realizadas todos os sábados ganharam mais espaço. Dois novos pianos foram
adquiridos e a música passou a fazer parte da rotina dos hóspedes também as
quartas e sextas-feiras. Cantores líricos, solistas e duetos foram convidados a
se apresentar no hotel. O movimento cresceu e se transformou no programa Toriba
Musical, dirigido pelo pianista Antônio Luiz Barker, que pode ser apreciado, inclusive,
por quem não está hospedado no hotel.
Atualmente há um apartamento exclusivo para receber
os artistas que figuram entre os melhores do Brasil. Uma vez por mês eles se
apresentam gratuitamente no Auditório Cláudio Santoro. Além disso, o Toriba
também patrocina o coral Meninas Cantoras de Campos do Jordão, que já gravou
dois CDs. Em reconhecimento a essas iniciativas, os organizadores resolveram
transformar o Toriba em mais um palco do Festival de Inverno.
Serão 12 concertos, quatro deles gratuitos. Claudio
Goldman vai abrir a programação do hotel no dia 6 de julho com dois
espetáculos: às 16h30, no museu Felícia Leirner; e às 19h, na sala da Lareira.
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