Renegociações
e mudança de atuação nos negócios estão entre as estratégias para tentar
reduzir os impactos da crise
Fátima Facuri, presidente da Abeoc Nacional e Enid Câmara, presidente da Abeoc Ceará FOTO: Rogério Almeida |
A real dimensão das consequências da
pandemia do Coronavírus na economia brasileira, ainda é impossível de ser
avaliada. Mas os donos de pequenos negócios já enfrentam, em pouco mais de uma
semana de crise, uma nova realidade com a perda de clientes e contratos, que
impõe a adoção de um conjunto de medidas para reduzir o tamanho das perdas e
permitir que as empresas continuem de pé.
Um dos setores mais prejudicados, sem
dúvida, foi o de produção de eventos, atingido diretamente pelas medidas de
restrição que proíbem a realização de reuniões, festas, congressos e outros
eventos públicos. Dados levantados pelo Sebrae e pela Associação Brasileira de
Empresas de Eventos (ABEOC), apontam que cerca de 95,4% do setor é composto por
MEI, microempresas e empresas de pequeno porte, somando mais de 297 mil
empresas.
Ilda Ribeiro (58), é a proprietária
da Bureau Eventos, que opera no mercado desde 1993. A empresa de pequeno porte
precisou fechar um de seus escritórios, localizado no Rio de Janeiro, e deve
fazer o mesmo com a filial em São Paulo. Ela afirma que a maioria dos eventos
de sua agenda está sendo cancelada, sem previsão de reagendamento. Um dos
eventos que organizava, segundo ela, foi cancelado durante a montagem. Os
impactos já afetaram a equipe, que caiu de cinco para apenas um colaborador.
Diante desse cenário, a empresária
revela preocupação. “O momento é de colaboração entre todos. Estamos esperando
para ver como ficarão as coisas”, comentou Ilda. Ela conta que ainda não
conseguiu imaginar um plano alternativo para o negócio, diante do cenário.
“Sabemos que são necessárias são as medidas de isolamento, mas não sabemos como
sobreviveremos a tudo isso por tanto tempo. Os reflexos da crise acontecem em
cadeia, pois cada empresa organizadora de eventos envolve uma grande rede de
outros negócios, como montadoras, serviços de fotografia, recepcionistas,
segurança, alimentação, de mídia”, completou a empresária.
Ana Clévia - Sebrae nacional |
A analista de Competitividade do
Sebrae, Ana Clévia Guerreiro, afirma que os empresários devem investir toda a
energia em negociação. Desde o alongamento de prazos e redução de juros, até a
negociação com fornecedores, donos de espaços de eventos, patrocinadores e
parceiros. “É fundamental que os empresários conversem também com seus clientes
sobre a remarcação dos eventos, em lugar do cancelamento”, ressaltou a
analista.
Fátima Facuri, presidente da
Associação Brasileira de Empresa de Eventos (Abeoc), destacou que os
empresários precisam estar atentos a todas as medidas dos governos nas esferas
federal, estadual e até municipal, já que algumas das decisões podem
influenciar na questão de prazo para pagamentos, por exemplo. “Todos precisam
ficar atentos às linhas de crédito. Nesse momento, elas podem auxiliar muito as
pequenas empresas a manter o equilíbrio do caixa”, afirmou Fátima.
DICAS DO SEBRAE
1. Negocie com os clientes para
remarcarem o evento em lugar de cancelar. Essa medida evita que a empresa tenha
de devolver dinheiro, o que nesse momento pode provocar um desequilíbrio no
Caixa.
2. Negocie com os espaços de eventos os
valores pagos pela locação em forma de créditos;
3. Negocie com patrocinadores pela
manutenção dos aportes financeiros e outras modalidades de parcerias já firmadas;
4. Estude as alternativas possíveis para
manter a equipe. A crise não vai durar para sempre e você vai precisar de
pessoal qualificado para retomar as atividades quando tudo passar;
5. Negocie a extensão de prazos e redução de
juros junto às instituições credoras.
Fonte: Sebrae nacional
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