segunda-feira, 30 de março de 2020

Setor de eventos sofre consequências da pandemia

Renegociações e mudança de atuação nos negócios estão entre as estratégias para tentar reduzir os impactos da crise
Fátima Facuri, presidente da Abeoc Nacional e Enid Câmara, presidente
 da Abeoc Ceará FOTO: Rogério Almeida
A real dimensão das consequências da pandemia do Coronavírus na economia brasileira, ainda é impossível de ser avaliada. Mas os donos de pequenos negócios já enfrentam, em pouco mais de uma semana de crise, uma nova realidade com a perda de clientes e contratos, que impõe a adoção de um conjunto de medidas para reduzir o tamanho das perdas e permitir que as empresas continuem de pé.
Um dos setores mais prejudicados, sem dúvida, foi o de produção de eventos, atingido diretamente pelas medidas de restrição que proíbem a realização de reuniões, festas, congressos e outros eventos públicos. Dados levantados pelo Sebrae e pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), apontam que cerca de 95,4% do setor é composto por MEI, microempresas e empresas de pequeno porte, somando mais de 297 mil empresas.
Ilda Ribeiro (58), é a proprietária da Bureau Eventos, que opera no mercado desde 1993. A empresa de pequeno porte precisou fechar um de seus escritórios, localizado no Rio de Janeiro, e deve fazer o mesmo com a filial em São Paulo. Ela afirma que a maioria dos eventos de sua agenda está sendo cancelada, sem previsão de reagendamento. Um dos eventos que organizava, segundo ela, foi cancelado durante a montagem. Os impactos já afetaram a equipe, que caiu de cinco para apenas um colaborador.
Diante desse cenário, a empresária revela preocupação. “O momento é de colaboração entre todos. Estamos esperando para ver como ficarão as coisas”, comentou Ilda. Ela conta que ainda não conseguiu imaginar um plano alternativo para o negócio, diante do cenário. “Sabemos que são necessárias são as medidas de isolamento, mas não sabemos como sobreviveremos a tudo isso por tanto tempo. Os reflexos da crise acontecem em cadeia, pois cada empresa organizadora de eventos envolve uma grande rede de outros negócios, como montadoras, serviços de fotografia, recepcionistas, segurança, alimentação, de mídia”, completou a empresária.
Ana Clévia - Sebrae nacional
A analista de Competitividade do Sebrae, Ana Clévia Guerreiro, afirma que os empresários devem investir toda a energia em negociação. Desde o alongamento de prazos e redução de juros, até a negociação com fornecedores, donos de espaços de eventos, patrocinadores e parceiros. “É fundamental que os empresários conversem também com seus clientes sobre a remarcação dos eventos, em lugar do cancelamento”, ressaltou a analista.
Fátima Facuri, presidente da Associação Brasileira de Empresa de Eventos (Abeoc), destacou que os empresários precisam estar atentos a todas as medidas dos governos nas esferas federal, estadual e até municipal, já que algumas das decisões podem influenciar na questão de prazo para pagamentos, por exemplo. “Todos precisam ficar atentos às linhas de crédito. Nesse momento, elas podem auxiliar muito as pequenas empresas a manter o equilíbrio do caixa”, afirmou Fátima.
DICAS DO SEBRAE
1.   Negocie com os clientes para remarcarem o evento em lugar de cancelar. Essa medida evita que a empresa tenha de devolver dinheiro, o que nesse momento pode provocar um desequilíbrio no Caixa.
2.   Negocie com os espaços de eventos os valores pagos pela locação em forma de créditos;
3.  Negocie com patrocinadores pela manutenção dos aportes financeiros e outras modalidades de   parcerias já firmadas;
4.    Estude as alternativas possíveis para manter a equipe. A crise não vai durar para sempre e você vai precisar de pessoal qualificado para retomar as atividades quando tudo passar;
       5.  Negocie a extensão de prazos e redução de juros junto às instituições credoras.
Fonte: Sebrae nacional

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