sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Carnavais do Brasil são caracterizados pela diversidade

 O Hurb, empresa de tecnologia e inovação que se consolidou como a maior plataforma de viagens online do Brasil, elaborou um excelente material sobre a diversidade brasileira no Carnaval. O texto mostra que cada região comemora o Carnaval de um jeito único, pelos seus costumes e tradições. É um conteúdo interessante, rico em história e cultura, mostrando como funciona a folia em cada região

O Carnaval do Rio de Janeiro mostra luxo e beleza nas escolas de samba FOTO: Divulgação
Em um país tão grande como o Brasil, cabem muitos Carnavais. Do litoral nordestino ao sulista, passando também por Minas Gerais, o Hurb compilou as peculiaridades de cada um, contando um pouco mais sobre seus atrativos, além de traçar um panorama sobre as expectativas para o evento nesse pós-pandemia. Para isso, a empresa de tecnologia com a maior plataforma de viagens online do país considerou desde carnavais alternativos a alguns dos destinos mais tradicionais para a festa, assim como dados de vendas da OTA.

Lembrança de antigos Carnavais carioca
Com seu primeiro baile de Carnaval registrado em 1840, a tradição do festejo carioca ainda hoje é um dos maiores atrativos turísticos da cidade. A cada ano, a festa começa a ser celebrada mais cedo. O primeiro bloco de 2023, por exemplo, desfilou em 08/01. A expectativa é de que cerca de 5 milhões de pessoas visitem a cidade para a folia nas ruas.

Desfile das escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro
No último Carnaval regular, em 2020, foram mais de 2.1 milhões de turistas, que ajudaram a movimentar R$4 bilhões, segundo a Riotur. Entre os internacionais, argentinos, estadunidenses e ingleses foram as nacionalidades que mais ocuparam a cidade maravilhosa. O órgão observou também que a permanência média foi de 12 dias na cidade, excedendo o calendário oficial da festa na Sapucaí, que dura em torno de seis dias apenas. Entre os turistas brasileiros, os paulistas foram mais de 30%, seguidos pelos gaúchos e mineiros.

Vale ressaltar que, nos dois grupos, mais de 40% afirmou estar hospedado em um dos hotéis da cidade, que registraram ocupação de 73% durante o mês de fevereiro. Para este ano, no início de fevereiro, cerca de 80% dos quartos disponíveis na cidade estavam reservados para o período de 18 a 21/02. A região dos bairros de Ipanema e Leblon é a preferida.

Entre os destinos com maior número de reservas de hotel confirmadas, o Rio de Janeiro segue imbatível na primeira posição. Mas é interessante observar que, em segundo lugar, Porto Seguro já superou Salvador (10º). Belo Horizonte e São Paulo, cidades que entraram bem mais tarde na programação carnavalesca, já aparecem em sexto e nono lugar, respectivamente. Ainda assim, é notável que muitos brasileiros aproveitam esse feriado estendido para ir para o litoral. Natal, Maceió, Fortaleza e Balneário Camboriú também aparecem na lista.

UM GIRO PELO NORDESTE

O trio elétrico chegou para ficar no Carnaval de Salvador
Mas o Rio não é o único destino tradicional para curtir a folia. Os festejos também fazem parte da história de mais três cidades na região Nordeste: Salvador (BA), Recife e Olinda (PE). Salvador revolucionou a comemoração carnavalesca com seu trio elétrico. O "trio", inclusive, foi assim chamado pois sua estreia aconteceu em um desfile com três integrantes em cima de um carro popular da década de 1950, o Fobica. Dodô, Osmar e Temístocles subiram a ladeira que leva à Praça Castro Alves tocando música ao vivo, arrastando milhares de pessoas por cerca de 16 horas. Pouco tempo depois, o nome do grupo passou a ser usado para se referir ao caminhão com palco que circula com estrelas da música popular durante a festa soteropolitana. Ao todo, 25 km de circuitos de carreata serão ocupados nos próximos dias.

O trio elétrico agita a folia e arrasta multidões em Salvador

Com a malha área recuperada quase totalmente, chegando a 37 destinos domésticos e quatro internacionais, a prefeitura de Salvador espera 800 mil turistas este ano, arrecadando cerca de R1,8 bi direta e indiretamente. Para os hotéis, a expectativa é de ocupação de 95% na capital, chegando ao pico de 100% em algumas datas do período.

Bonecos gigantes, tradição do Carnaval de Olinda - PE
Os bonecos de Olinda (PE) são outro destaque do festejo nordestino. Com mais de dois metros de altura, o primeiro deles alegrou a cidade pela primeira vez há 90 anos. Frequentadoras das ruas da capital e do Recife Antigo, as escolas de samba locais também são quase centenárias. A temporalidade das celebrações deste feriado, mais uma vez, mostra o quão rico em tradições históricas ele é, reforçando sua importância cultural para o país, que impacta também a economia.

O frevo é uma dança tradicional do Estados de Pernambuco
Mas os bonecos gigantes não são a única peculiaridade local. Danças folclóricas típicas, como frevo e maracatu, predominam na manifestação pernambucana. Segundo destino de festejos no estado, os primórdios do carnaval de Recife apontam para a comemoração da Folia de Reis, no século XVII. Cem anos depois, o maracatu virado arrebatou a cultura local. Com raízes africanas, essa expressão se popularizou após a abolição da escravatura brasileira, encenando a coroação do Rei do Congo.

Outra tradição do Carnaval de Pernambuco é o Galo da Madrugada
Ainda assim, o que tornou Recife um dos destinos disputados para a época foi o Galo da Madrugada. Fundado em 1978 por Enéas Freire, o galo desfilou pela primeira vez em janeiro de 1978, seguido por apenas 70 pessoas. Anos depois, ele viria a ser reconhecido pelo Guinness Book como o maior bloco de Carnaval do Mundo. Em 2020, 3,6 milhões de foliões passaram pela cidade, sendo 400 mil deles turistas estrangeiros. Com isso, foram movimentados R$ 295 milhões. Aqui, a moeda estrangeira faz toda a diferença.

Percebendo o potencial de lucro com a data, outras cidades vêm investindo em programações animadas para movimentar as economias locais. Notadamente, a organização dessa estrutura tornou grandes manifestações populares em competições. Hoje, por exemplo, o formato de competição entre escolas de samba, popularizado pelo Rio, já faz parte de atrações na maioria dos destinos das festas. Cidades como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, apontam para carnavais bastante antigos. Mas a tradição do festejo foi recuperada apenas nas duas últimas décadas e vêm se consolidando desde então.

Em São Paulo, a primeira escola de samba paulistana - a Lavapés - foi fundada em 1937, mas o primeiro desfile só aconteceu 18 anos depois, em 1955, no Parque Ibirapuera. O evento passou a ser realizado no Sambódromo do Anhembi apenas em 1977. No Carnaval da cidade, é interessante observar a relação entre futebol e samba, já que muitas das escolas derivam de torcidas organizadas, como a Gaviões da Fiel, dos corintianos, e a Mancha Verde, dos palmeirenses.

Ruas lotadas de foliões no Carnaval de Belo Horizonte
Há registros de que o primeiro carnaval de Belo Horizonte aconteceu em 1897, há 114 anos, quando homens se vestiram de mulher para seguir carros que salpicavam confetes e serpentinas. A tradição carnavalesca foi retomada apenas nos anos 1990, mais de cem anos depois. Em 2009, a cidade voltou a despertar para a folia nas ruas com o desfile de blocos e, desde então, a cidade conta com toda uma programação para a data.

Partindo de uma origem católica, sendo a última oportunidade de festejar antes da abstinência de 40 dias que antecede à Páscoa, o Carnaval, em sua essência, foi criado para oferecer aos fiéis uma última oportunidade de extravasar antes de se recolher à prática da fé. E apesar de o país abraçar diversas religiões, por meio de evidências subjetivas e factuais, pode-se dizer que o brasileiro realmente aproveita a data como se fosse sua última chance de comemorar. 

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