segunda-feira, 29 de junho de 2015

Altos e baixos no turismo neste primeiro semestre

Verônica Patrício e Márcia Pinheiro comentam a retração do mercado
Agentes de viagens de São Paulo admitem que a economia vive um ano difícil, mas tem um setor que não se queixa: o de turismo. Impulsionadas por uma série de promoções das companhias aéreas, as agências de viagens já comemoram o primeiro semestre. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-SP), Francisco Leme, “alguns associados esperam crescimento de 12% até dezembro”. 

A operadora de turismo CVC, por exemplo, fechou o primeiro trimestre de 2015 com aumento de 11% das vendas e com 15% mais embarques do que no mesmo período do ano passado. A empresa também teve recorde de vendas no mês de janeiro e está com vários fretamentos de voos para o Nordeste neste mês de julho.
Lago Negro, uma das atrações turísticas de Gramado
Segundo a CVC, é possível perceber que os brasileiros não deixam de viajar nas férias, mesmo em cenários econômicos difíceis. Para isso, adaptam a viagem ao bolso. Isso inclui diminuir os dias fora de casa, voos em horários alternativos, fazer os passeios por conta própria e outras estratégias.
As promoções das companhias aéreas nacionais e internacionais contribuíram para os resultados positivos deste semestre. O calendário de 2015 também ajudou. Há mais feriadões este ano do que em 2014, o que incentiva muitos turistas a fazerem viagens curtas, muitas vezes dentro do Brasil ou para países vizinhos, como Uruguai, Argentina e Chile.
Outra realidade
Enquanto o sudeste comemora o crescimento do setor, no Ceará, a retração é uma realidade. Quem se queixa é a presidente da Abav-CE, Verônica Patrício. Segundo ela, as agências estão se adaptando e criando novos nichos de mercado, como grupos de terceira idade e formandos de colégios e universidades, que, muitas vezes, trocam a festa de término de curso por uma viagem.
Verônica reconhece que as companhias aéreas internacionais estão com ofertas tentadoras, mas o cliente está mudando os hábitos com redução das viagens para os Estados Unidos, menor tempo de permanência e comprando menos. Quem comprava ingresso para todos os parques da Disney, agora compra só para dois ou três dias. Mesmo com os preços atraentes – menos de R$ 1.000,00 ida e volta para Miami -, as companhias aéreas estão com baixa demanda.
Cataratas do Iguaçu, nova atração para o mercado nacional
O mercado corporativo também apresenta retração. “Executivos que ficavam dois dias numa cidade, agora ficam só um dia”, diz Verônica, acrescentando que alguns associados da Abav-CE dizem nunca ter passado por uma crise desta em anos anteriores.
Márcia Pinheiro, diretora da M3 Turismo, sabia que o ano seria ruim, “mas está péssimo”. O melhor mês do semestre foi fevereiro. Márcia também confirma a retração de viagens para os Estados Unidos e diz que as pessoas que viajam duas vezes por ano, agora fazem apenas uma viagem. Muitos estão preferindo a Europa, pois apesar da paridade da moeda, não tem a tentação das compras.
No mercado nacional, a maior procura é pela Serra Gaúcha, um destino caro, segundo Márcia, acrescentando que Foz do Iguaçu está conquistando a preferência dos viajantes. No internacional, com a entrada de novas companhias aéreas, há uma procura, embora reduzida, por destinos exóticos como Turquia, Vietnam e Dubai.
Os últimos números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmam que mais brasileiros estão viajando. Entre janeiro e maio, foram transportados em voos domésticos e internacionais 42,9 milhões de passageiros: alta de 4,55% em relação ao mesmo período de 2014.

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