quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Casa dos Licores adoça a vida há mais de 60 anos em Viçosa do Ceará

É grande a variedade de produtos na Casa dos Licores

O casarão mostra o zelo pelo patrimônio na bela Viçosa do Ceará; o som do pífano ficou na lembrança como tradução do romantismo do senhor Alfredo Miranda; o sabor dos doces, biscoitos e licores são partes do conhecimento e habilidade da dona Terezinha Mapurunga. A harmonia destes três elementos transmite o amor do casal, que se conheceu, se descobriu e cumpriu o juramento “até que a morte os separe”. 

Doces, geleias biscoitos e o tradicional licor estão à disposição dos clientes
Alfredo Miranda era agricultor, construiu a casa na década de 40 e instalou uma bodega (pequena venda de produtos essenciais). Tempos difíceis. Os homens eram agricultores e as mulheres eram donas de casas com habilidades gastronômicas. E foi este o legado de dona Terezinha, que aprendeu com sua avó e fazer doces, bolos, biscoitos e licores. Confiantes no amor, os dois se casaram e descobriram afazeres que ultrapassam gerações.

Na própria residência, em 1958, o casal começou a produzir artesanalmente e comercializar licores, cachaças envelhecidas, doces e biscoitos. Nascia aí a Casa dos Licores, utilizando-se do potencial do município, uma terra fértil com boa produtividade de frutas e ervas, a matéria-prima que eles precisavam para se firmar e crescer no mundo dos sabores.

A lojinha está entre as tradições mantidas na Casa dos Licores
As tradições foram mantidas: fogão a lenha, forno de barro e tudo de forma tradicional, costumes que continuam até os dias atuais. Na bodega, ponto de comercialização dos produtos, manteve-se a tradição e o uso do papel de embrulho para embalar a mercadoria. As vendas eram poucas, pois naquela época o turismo não existia.

Alfredo Miranda era versátil. Além de ajudar nas atividades de produção, ele fazia e tocava pífano, instrumento simples, feito de taboca, que se tornou fundamental na recepção aos visitantes. Enquanto uns eram atraídos pelas compras, outros preferiam ouvir a boa música, a parte sentimental de Alfredo Miranda. O pífano ou pife é pouco conhecido no Ceará, principalmente pelos jovens.

CULTURA LOCAL

A novidade entre os doces é o doce de leite com café
Os anos se passaram e o casal Alfredo e Terezinha viviam a calmaria de Viçosa do Ceará, cidade pacata da Serra da Ibiapaba, a 350 quilômetros de Fortaleza. Aos visitantes, eles passavam a história da gastronomia local, herdada dos portugueses, um pouco de literatura, música, artesanato, memórias e a cultura popular de Viçosa do Ceará. A cidade, a mais antiga da serra, passa um astral intelectual e uma vocação para a música e os shows artísticos. É bem cuidada e preserva um belo casario.

O tonel e a cachaça envelhecida de Viçosa do Ceará
A família cresceu e chegou a ter sete filhos (quatro mulheres e três homens). Os filhos foram uma bênção para o casal, que precisava de alguém para dar continuidade à empresa familiar. Numa atitude voluntária, a primeira filha, Tereza Cristina, assumiu o comando da Casa dos Licores e mantém a tradição implantada por seus pais. Simpatia, profissionalismo e atenção fazem parte da sua estratégia de trabalho. O turismo subiu a serra e a movimentação se agita nos finais de semanas, feriados e períodos festivos.

A imagem expressa o zelo da casa pela exibição dos produtos
O movimento levou a Casa dos Licores a se profissionalizar. Tereza Cristina tem uma equipe de sete pessoas: quatro na produção e três na comercialização. Quando recebe grupos, em sistema de agendamento, ela contrata prestação de serviços de acordo com a necessidade. A casa recebe visitantes das 8:00 da manhã às 17 horas. A visita começa com degustação (mediante pagamento de uma taxa) seguida de compras.

PRODUÇÃO/SABORES

Os visitantes ouvem atentos a história da Casa dos Licores narrada por Tereza Cristina
A Casa dos Licores tem uma produção que cativa pelo sabor e desperta curiosidade. Afinal, como descobrir tantas frutas e ervas e receber este presente da natureza para agradar a uma clientela crescente? São 90 sabores de licores entre frutas e ervas simples e exóticas; uma grande variedade de doces, bolos e geleias; biscoitos, petas e outras guloseimas. Todos os produtos são feitos de forma artesanal, em tachos de cobre, fornalhas, forno de barro. Uma aula do período colonial no Brasil.

O licor de jenipapo foi o primeiro e continua líder na preferência. A variedade de plantas e ervas chega a grandes descobertas. Você sabe o que é canela de cunhã? É uma planta nativa do Nordeste com efeitos antioxidantes e antidepressivos. Suas folhas e hastes tem um aroma que lembra uma mistura de erva-doce e cravo-da-índia. Tereza Cristina disse que o licor desta planta é afrodisíaco. Tem licor de canapum, pitomba, guabiraba,  alfavaca, canela, capim santo, gengibre, imburana, malva, menta e muitos outros.

A residência da família abriga a Casa dos Licores
Entre os doces, um diferencial é o doce de leite com café, mas tem outras misturas – leite com cachaça, com chocolate, com coco, com ameixa e outros. As geleias trazem algumas misturas de frutas com pimenta e só da fruta: açaí, amora, ameixa, abacaxi, além de canela de cunhã com cachaça. A cachaça da Casa dos Licores é denominada Belchior & Magalhães.

Tereza Cristina fala com prazer do legado de seus pais e diz que “o licor é o símbolo da sociabilidade, é a preservação de uma cultura alimentar”.

MAIS INFORMAÇÕES

Casa dos Licores

Endereço: Rua Francisco Caldas da Silveira, 155 – Viçosa do Ceará

Visitas: das 8 às 17 horas

Telefone: (88) 3632.1157

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