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É grande a variedade de produtos na Casa dos Licores |
O casarão mostra o zelo pelo patrimônio na bela Viçosa do
Ceará; o som do pífano ficou na lembrança como tradução do romantismo do senhor
Alfredo Miranda; o sabor dos doces, biscoitos e licores são partes do
conhecimento e habilidade da dona Terezinha Mapurunga. A harmonia destes três
elementos transmite o amor do casal, que se conheceu, se descobriu e cumpriu o
juramento “até que a morte os separe”.
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Doces, geleias biscoitos e o tradicional licor estão à disposição dos clientes |
Alfredo Miranda era agricultor, construiu a casa na década de
40 e instalou uma bodega (pequena venda de produtos essenciais). Tempos
difíceis. Os homens eram agricultores e as mulheres eram donas de casas com
habilidades gastronômicas. E foi este o legado de dona Terezinha, que aprendeu
com sua avó e fazer doces, bolos, biscoitos e licores. Confiantes no amor, os
dois se casaram e descobriram afazeres que ultrapassam gerações.
Na própria residência, em 1958, o casal começou a produzir
artesanalmente e comercializar licores, cachaças envelhecidas, doces e
biscoitos. Nascia aí a Casa dos Licores, utilizando-se do potencial do
município, uma terra fértil com boa produtividade de frutas e ervas, a
matéria-prima que eles precisavam para se firmar e crescer no mundo dos
sabores.
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A lojinha está entre as tradições mantidas na Casa dos Licores |
As tradições foram mantidas: fogão a lenha, forno de barro e
tudo de forma tradicional, costumes que continuam até os dias atuais. Na
bodega, ponto de comercialização dos produtos, manteve-se a tradição e o uso do
papel de embrulho para embalar a mercadoria. As vendas eram poucas, pois
naquela época o turismo não existia.
Alfredo Miranda era versátil. Além de ajudar nas atividades de
produção, ele fazia e tocava pífano, instrumento simples, feito de taboca, que se
tornou fundamental na recepção aos visitantes. Enquanto uns eram atraídos pelas
compras, outros preferiam ouvir a boa música, a parte sentimental de Alfredo
Miranda. O pífano ou pife é pouco conhecido no Ceará, principalmente pelos
jovens.
CULTURA LOCAL
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A novidade entre os doces é o doce de leite com café |
Os anos se passaram e o casal Alfredo e Terezinha viviam a
calmaria de Viçosa do Ceará, cidade pacata da Serra da Ibiapaba, a 350
quilômetros de Fortaleza. Aos visitantes, eles passavam a história da
gastronomia local, herdada dos portugueses, um pouco de literatura, música,
artesanato, memórias e a cultura popular de Viçosa do Ceará. A cidade, a mais
antiga da serra, passa um astral intelectual e uma vocação para a música e os
shows artísticos. É bem cuidada e preserva um belo casario.
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O tonel e a cachaça envelhecida de Viçosa do Ceará |
A família cresceu e chegou a ter sete filhos (quatro mulheres
e três homens). Os filhos foram uma bênção para o casal, que precisava de
alguém para dar continuidade à empresa familiar. Numa atitude voluntária, a
primeira filha, Tereza Cristina, assumiu o comando da Casa dos Licores e mantém
a tradição implantada por seus pais. Simpatia, profissionalismo e atenção fazem
parte da sua estratégia de trabalho. O turismo subiu a serra e a movimentação
se agita nos finais de semanas, feriados e períodos festivos.
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A imagem expressa o zelo da casa pela exibição dos produtos |
O movimento levou a Casa dos Licores a se profissionalizar.
Tereza Cristina tem uma equipe de sete pessoas: quatro na produção e três na
comercialização. Quando recebe grupos, em sistema de agendamento, ela contrata
prestação de serviços de acordo com a necessidade. A casa recebe visitantes das
8:00 da manhã às 17 horas. A visita começa com degustação (mediante pagamento
de uma taxa) seguida de compras.
PRODUÇÃO/SABORES
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Os visitantes ouvem atentos a história da Casa dos Licores narrada por Tereza Cristina |
A Casa dos Licores tem uma produção que cativa pelo sabor e
desperta curiosidade. Afinal, como descobrir tantas frutas e ervas e receber
este presente da natureza para agradar a uma clientela crescente? São 90
sabores de licores entre frutas e ervas simples e exóticas; uma grande
variedade de doces, bolos e geleias; biscoitos, petas e outras guloseimas.
Todos os produtos são feitos de forma artesanal, em tachos de cobre, fornalhas,
forno de barro. Uma aula do período colonial no Brasil.
O licor de jenipapo foi o primeiro e continua líder na
preferência. A variedade de plantas e ervas chega a grandes descobertas. Você
sabe o que é canela de cunhã? É uma planta nativa do Nordeste com efeitos
antioxidantes e antidepressivos. Suas folhas e hastes tem um aroma que lembra
uma mistura de erva-doce e cravo-da-índia. Tereza Cristina disse que o licor
desta planta é afrodisíaco. Tem licor de canapum, pitomba, guabiraba, alfavaca, canela, capim santo, gengibre,
imburana, malva, menta e muitos outros.
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A residência da família abriga a Casa dos Licores |
Entre os doces, um diferencial é o doce de leite com café,
mas tem outras misturas – leite com cachaça, com chocolate, com coco, com
ameixa e outros. As geleias trazem algumas misturas de frutas com pimenta e só
da fruta: açaí, amora, ameixa, abacaxi, além de canela de cunhã com cachaça. A
cachaça da Casa dos Licores é denominada Belchior & Magalhães.
Tereza Cristina fala com prazer do legado de seus pais e diz
que “o licor é o símbolo da sociabilidade, é a preservação de uma cultura
alimentar”.
MAIS INFORMAÇÕES
Casa dos Licores
Endereço: Rua Francisco Caldas da Silveira, 155 – Viçosa do
Ceará
Visitas: das 8 às 17 horas
Telefone: (88) 3632.1157
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