segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Turismo: O extremo e inacreditável absurdo

Allan Aguiar

Após anos de estagnação e retrocessos nos números dos agregados turísticos do Destino Ceará, que assistiu minguar sua participação no mercado emissor doméstico e desaparecer sua minúscula participação no Turismo Internacional do Destino Brasil, somos apresentados a uma decisão/postura que chega a ser risível, para não dizer vergonhosa para nosso Estado. O Estado, através da Secretaria do Turismo, surta de vez e impõe condições esdrúxulas para as Companhias Aéreas operarem no novo Aeroporto de Jericoacoara. Só pousa lá se passar por cá, em Fortaleza! É essa, o mais extravagante episódio decisório (pós Aquário) do Turismo cearense, a notícia veiculada no prestigioso Jornal o Povo deste sábado (14/1).

Não é assim que se resolve a inapetência das aéreas por Fortaleza. O anúncio da  Azul, que optou por Recife para ser seu HUB aéreo no Nordeste, de implantar voos diretos para JERI a partir de seu HUB (Recife) deveria ser motivo de comemoração e intenso apoio do Governo do Estado, que passará a contar com o sonhado fluxo aéreo para o SEU Polo Turístico do Litoral Extremo Oeste do Estado, que tem em JERI sua principal âncora de atratividade, em face dos seus atrativos naturais e sua logística de acolhimento e entretenimento.

Na média, os Turistas que utilizam o modal aéreo produzem renda turística ao Destino bem superior que o modal rodoviário. Afinal de contas, o Turista vem para o Ceará, ou JERI não é Ceará? Para vir ao Ceará sou obrigado a passar em Fortaleza? No mundo dos negócios Turísticos o cliente também tem a preferência, desde que tenha viabilidade econômica para o trade turístico, no caso as aéreas.

A esquisita posição da SETUR de, na marra, atrelar/vincular o Destino JERI ao Destino Fortaleza é de uma extravagância surreal, não obstante ser absolutamente legítimo o interesse do Estado de oportunizar ligações aéreas entre a Capital do Estado e um de seus polos turísticos mais relevantes. Mas não é impondo que o Estado, que não possui companhias aéreas, vai sensibilizar as grandes empresas nacionais a fazê-lo. Com múltiplos Destinos Nacionais e Internacionais disputando a atenção das aéreas, essa conduta da SETUR é o chamado “Tiro no Pé”. O recomendado seria a SETUR estar a dialogar reservadamente com a aérea AZUL e apoiando um pouso em Fortaleza, e jamais impor condições infantis e rifando a pouca credibilidade que ainda tem junto ao trade emissivo nacional. Assemelha-se a metáfora do “elefante em loja de cristais”.

Agora é esperar para conhecer o tamanho do estrago causado pelo elefante e torcer para que a lucidez seja restabelecida no sentido de não termos outro Mamute Turístico no Estado, como o Aeroporto de Aracati que, em seus três anos de inaugurado, jamais assistiu um pouso de avião com Turistas e, também, como o Terminal de Passageiros do Porto do Mucuripe, que anda a ver navios desde a sua inauguração. Senhor, derramai sobre os homens públicos razão e sensibilidade!

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