Allan Aguiar
Após anos de estagnação e
retrocessos nos números dos agregados turísticos do Destino Ceará, que assistiu
minguar sua participação no mercado emissor doméstico e desaparecer sua
minúscula participação no Turismo Internacional do Destino Brasil, somos
apresentados a uma decisão/postura que chega a ser risível, para não dizer
vergonhosa para nosso Estado. O Estado, através da Secretaria do Turismo, surta
de vez e impõe condições esdrúxulas para as Companhias Aéreas operarem no novo
Aeroporto de Jericoacoara. Só pousa lá se passar por cá, em Fortaleza! É essa,
o mais extravagante episódio decisório (pós Aquário) do Turismo cearense, a
notícia veiculada no prestigioso Jornal o Povo deste sábado (14/1).
Não é assim que se resolve a
inapetência das aéreas por Fortaleza. O anúncio da Azul, que optou por Recife para ser seu HUB aéreo
no Nordeste, de implantar voos diretos para JERI a partir de seu HUB (Recife)
deveria ser motivo de comemoração e intenso apoio do Governo do Estado, que
passará a contar com o sonhado fluxo aéreo para o SEU Polo Turístico do Litoral
Extremo Oeste do Estado, que tem em JERI sua principal âncora de atratividade,
em face dos seus atrativos naturais e sua logística de acolhimento e
entretenimento.
Na média, os Turistas que utilizam
o modal aéreo produzem renda turística ao Destino bem superior que o modal rodoviário.
Afinal de contas, o Turista vem para o Ceará, ou JERI não é Ceará? Para vir ao
Ceará sou obrigado a passar em Fortaleza? No mundo dos negócios Turísticos o cliente
também tem a preferência, desde que tenha viabilidade econômica para o trade turístico, no caso as aéreas.
A esquisita posição da SETUR de,
na marra, atrelar/vincular o Destino JERI ao Destino Fortaleza é de uma
extravagância surreal, não obstante ser absolutamente legítimo o interesse do
Estado de oportunizar ligações aéreas entre a Capital do Estado e um de seus
polos turísticos mais relevantes. Mas não é impondo que o Estado, que não
possui companhias aéreas, vai sensibilizar as grandes empresas nacionais a
fazê-lo. Com múltiplos Destinos Nacionais e Internacionais disputando a atenção
das aéreas, essa conduta da SETUR é o chamado “Tiro no Pé”. O recomendado seria
a SETUR estar a dialogar reservadamente com a aérea AZUL e apoiando um pouso em
Fortaleza, e jamais impor condições infantis e rifando a pouca credibilidade
que ainda tem junto ao trade emissivo
nacional. Assemelha-se a metáfora do “elefante em loja de cristais”.
Agora é esperar para conhecer o
tamanho do estrago causado pelo elefante e torcer para que a lucidez seja
restabelecida no sentido de não termos outro Mamute Turístico no Estado, como o
Aeroporto de Aracati que, em seus três anos de inaugurado, jamais assistiu um
pouso de avião com Turistas e, também, como o Terminal de Passageiros do Porto
do Mucuripe, que anda a ver navios desde a sua inauguração. Senhor, derramai
sobre os homens públicos razão e sensibilidade!
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