Para sensibilizar as autoridades
e o público, a Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos do Brasil
(Ancab), entidade que reúne lojistas que operam em aeroportos do País, lança
neste mês de novembro, a campanha: "APERTEM OS CINTOS.... O PASSAGEIRO
SUMIU”.
O objetivo principal da campanha
é estabelecer um canal de negociação e diálogo entre os lojistas de aeroportos,
representados pela Ancab, com a direção da Infraero, no sentido de preservar a
continuidade das atividades de comércios e serviços nos terminais, de manter
empregos e de possibilitar a retomada ao crédito.
Desde o início da pandemia, o
movimento dos aeroportos brasileiros despencou e os lojistas tentam, sem
sucesso, um viável acordo com a Infraero para renegociar o pagamento da
concessão, que também engloba o rateio de despesas para uso das lojas.
Comparando setembro de 2019 com o
mesmo período de 2020, a redução do fluxo de passageiros que embarcaram, se
considerarmos como exemplo o Aeroporto de Congonhas/SP, foi de 89,4%. Em
setembro do ano passado, 1.865.226 viajantes passaram pelo terminal contra
apenas 197.735 no mesmo período deste ano. Considerando os meses de abril e
maio de 2020, no pico da pandemia, a queda foi de 99,8%.
Após o decreto de calamidade
pública e a interrupção das atividades dos lojistas em março, por determinação
dos decretos locais, a Infraero propôs o pagamento de 50% dos valores da
concessão entre abril e agosto, com o diferimento dos outros 50% a partir de
setembro, e redução de 30% para os
valores das concessões, para os meses de setembro e outubro e 20% em novembro e
dezembro de 2020, acrescidos de multas e juros.
Com os caixas zerados devido à
ausência de passageiros, os lojistas não conseguem arcar com o valor
estabelecido e muitos encerrarão suas atividades de forma definitiva, gerando
desemprego e prejudicando os passageiros que não mais terão opções de consumo
no interior dos aeroportos. Apesar da flexibilização, o atual faturamento das
lojas não chega a 20% do que era antes da pandemia.
Mesmo contando com outras fontes
de receitas, a Infraero segue irredutível, não abrindo mão de receber as
concessões em atraso, apesar da queda abrupta de passageiros.
A Infraero desrespeitou os
contratos, que preveem revisão dos preços em caso de força maior, e apenas
ofereceu descontos temporários que estão longe de preservar o equilíbrio
econômico-financeiro dos lojistas.
Diferente da estatal, a Anac está
revendo os contratos e negociando com os concessionários privatizados o
equilíbrio econômico-financeiro.
Segundo Mario Portela, presidente
da Ancab, a situação deu início a um ciclo recessivo que impacta em vários
setores da cadeia de negócios e sinaliza um risco de colapso iminente. “A
cobrança dos aluguéis, mesmo com o desconto oferecido àqueles que aderissem à
proposta da Infraero, provavelmente é o maior problema para a continuidade dos
negócios dos lojistas dos aeroportos neste momento. Com uma redução de passageiros
domésticos em média de abril a setembro de praticamente 90%, é impossível arcar
com estes custos sem enormes prejuízos financeiros. No nosso entendimento, o
justo seria a suspensão destes aluguéis ou, no máximo, a cobrança apenas do
percentual variável sobre o faturamento real ou desconto proporcional de acordo
com a variação dos passageiros, até que a situação se normalize ao patamar
pré-pandemia”, destaca.
O ciclo recessivo identificado
pela Ancab, além de registar a queda acentuada de público e de receita,
constata um corte no número de postos de trabalho, além do impacto nos
fornecedores que também foram prejudicados com as reduções de pedidos e
consequente diminuição de seus quadros funcionais. O ciclo aponta ainda que as
dívidas dos lojistas com a Infraero foram inclusas nos cadastros negativos,
como Cadin e Serasa, impossibilitando a obtenção de recursos no mercado
financeiro, bem como negociar acertos de pagamentos atrasados e de honrar a
folha salarial. Diante desse cenário, o fechamento temporário dos
estabelecimentos nos aeroportos corre o risco de ser permanente.
ANCAB
A Ancab reúne empresas comerciais que operam em 22 aeroportos brasileiros, tanto nas áreas alfandegadas (Duty Free) quanto nas áreas do mercado interno (Duty Paid). A Ancab tem por finalidade promover, defender e administrar os interesses comuns das empresas concessionárias ocupantes de áreas nos aeroportos em território brasileiro, tendo como objetivo principal a representação institucional de suas associadas perante as demais entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.
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