By
Edgony Bezerra
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Sanã-Amarela |
O
Brasil figura entre os três países mais ricos em aves no mundo, com quase duas
mil espécies. As informações e fotos são do observador Eduardo Patrial,
acrescentando que a atividade vem crescendo na última década e movimentando
milhares de turistas observadores
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Jacu-Verdadeiro FOTO: Antônio Almeida |
No
Nordeste, cada Estado apresenta espécies diferentes. Para o empresário Antônio
Almeida, proprietário do Hotel Pedra dos Ventos, em Quixadá, o que faz o
crescimento dessa atividade não é a quantidade de aves, mas a raridade das
espécies. Ele cita o Jacu- Verdadeiro, o Soldadinho-do-Araripe e o
Bacurauzinho-da-Caatinga.
A
Rota dos Observadores de Aves vem somar com outras rotas existentes em Quixadá,
município com grande potencial para desenvolver atividades turísticas com a
Rota das Trilhas e a Rota do Voo Livre. O município se destaca e desperta
curiosidades pela existência do Monumento Natural dos Monólitos, formações
rochosas de grandes dimensões e rara beleza cênica.
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Picapauzinho da Caatinga |
No
caso dos observadores de pássaros, os brasileiros adeptos dessa atividade têm
como hobby a fotografia. “Dessa forma, a comunidade de observadores no país já
ultrapassa dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria praticantes de uma
ciência cidadã, através do compartilhamento online de registros
(fotos/gravações) ou listas de espécies de um determinado local. Esse extenso
banco de dados contribui diretamente com diversos estudos científicos e de
conservação das aves e seus habitats”, diz Eduardo Patrial.
Para
os observadores, essa atividade tem grande influência econômica, movimentando
um turismo sustentável e oferecendo emprego e renda nos locais muitas vezes
desconhecidos, além de valorizar a conscientização e a educação ambiental, que
deverão ser preservadas para as gerações futuras.
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Beija-Flor-de Barriga-Branca |
Com
seis grandes biomas em seu território (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica,
Caatinga, Pantanal e Pampa), o Brasil conta com ótimos roteiros para
observadores de aves em todas as suas regiões. Na região Nordeste, a atividade
explora o único bioma restrito ao país, a Caatinga, que aliada à Mata Atlântica
e também a partes do Cerrado, oferece uma lista com mais de cem espécies de
aves exclusivas do país, muitas somente encontradas nessa região, algumas delas
extremamente localizadas e, infelizmente, também o maior número de espécies
ameaçadas do país.
PONTOS
DE OBSERVAÇÃO NO NORDESTE
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Saracura-do-Mangue |
O
Ceará e a Bahia são os principais Estados a serem percorridos em um itinerário
de observação de aves na região Nordeste, ambos com elevada riqueza de espécies
e notáveis endemismos. Para o observador que pretende cobrir o Estado do Ceará,
a capital Fortaleza é a porta de entrada. Na região costeira, temos o município
de Paracuru como uma importante área a ser visitada. “Aqui os observadores
buscam principalmente a endêmica Saracura-do-Mangue, além da Saracura-Matraca, Beija-Flor-de-Barriga-Branca
e também diversas aves migratórias costeiras (família Scolopacidae)”.
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Caburé-Acanelado |
Patrial
dá o roteiro: “adentrando o Estado, cabe citar a cidade de Sobral junto à Serra
da Meruoca, uma área que combina a floresta úmida serrana e a Caatinga de áreas
mais baixas, caracterizadas principalmente pelo carnaubal. Entre as aves
importantes, destaca-se o endêmico Chupa-Dente-de-Capuz que pode ser encontrado
na serra, o Picapauzinho-da-Caatinga (relativamente comum na área) e o raro e
pouco conhecido Caburé-Acanelado”.
Outra
raridade que pode ser encontrada em áreas de carnaubal é o ameaçado
Arapaçu-do-Nordeste. Sobral ainda conta com excelentes áreas de brejo na
cidade, que guardam aves difíceis de serem observadas, como a Sanã-Amarela
(foto de capa), Sanã-do-Capim e a Saracura-Carijó.
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Periquito-Cara-Suja |
No
Maciço de Baturité, Guaramiranga é outra área obrigatória para os observadores
de aves. A serra é como um oásis em meio a Caatinga, protegendo um
importantíssimo relicto da Mata Atlântica no Estado. “Aqui reside o ameaçado
Cara-Suja, um periquito que só é encontrado na Serra do Baturité”.
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Uirapuru-Laranja |
Guaramiranga
possui boa estrutura turística e por isso é parte obrigatória de um roteiro
para observação de aves. Outras aves buscadas no município são o
Chupa-Dente-do-Nordeste, Vira-Folha-Cearense, João-de-Cabeça-Cinza,
Maria-do-Nordeste, Saripoca-de-Gould, Saíra-Militar e o Uirapuru-Laranja
(conhecido localmente como Guaramiranga).
HOTEL
PEDRA DOS VENTOS
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Bacurauzinho-da-Caatinga |
Próximo
a Quixadá, encontra-se o Hotel Pedra dos Ventos, inserido em uma área
de Caatinga e afloramentos rochosos. É o local mais fácil para se encontrar o
endêmico Bacurauzinho-da-Caatinga, camuflado entre as rochas e cacto (ave
noturna que de dia se camufla entre as rochas). O hotel é ponto de parada de
observadores e fotógrafos. Além da ótima estrutura de hospedagem, diversas aves
da Caatinga podem ser vistas no local, como a rara Jacucaca (um dos melhores
locais para observar essa tímida espécie), Formigueiro-de-Barriga-Preta, a
Gralha-Cancã, o Rapazinho-dos-Velhos, o Pica-Pau-Ocráceo e o incomum
Tiê-Caburé.
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Soldadinho-do-Araripe |
Seguindo
para o extremo sul do Estado, "adentramos finalmente a região do Cariri. O
município do Crato, no sopé da Chapada do Araripe, é outro lugar famoso para os
observadores, pois é a única morada do belíssimo e ameaçado
Soldadinho-do-Araripe, uma das aves mais cobiçadas de toda a região Nordeste”.
A fisionomia local da Caatinga, conhecida como Carrasco, guarda a maior
diversidade de aves deste bioma. E para aproveitar o melhor que a região
oferece, existe hoje em Potengi uma pousada especializada para receber os
visitantes observadores, o incrível Sítio Pau Preto. Além da hospedagem, o
Sítio Pau Preto conta com uma bela área de Caatinga e um maravilhoso jardim com
comedouros para as aves.
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Galo-de-Campina |
Da
varanda, pode-se apreciar dezenas de Galo-de-Campina, Asa-de-Telha-Pálido,
Tico-Tico-Rei-Cinza, o chamativo Corrupião, Beija-Flor-Tesoura e o fascinante
Beija-Flor-Vermelho. Nos arredores da pousada ainda é possível encontrar a
Marreca-de-Bico-Roxo, Tijerila, Tem-Farinha-Aí, João-Xique-Xique,
Papa-Mosca-do-Sertão, Alegrinho-Balança-Rabo e o Bacurauzinho.
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Pompeu ou Torom-do-Nordeste |
Para
as aves de Caatinga presentes na vegetação de Carrasco, costuma-se visitar o
Parque Natural do Brejinho (município do Araripe), onde a procura é pelo Pompéu
(ou Torom-do-Nordeste), Bico-Virado-da-Caatinga, Rabo-Branco-de-Cauda-Larga,
Chorozinho-da-Caatinga, Azulão, Choca-do-Nordeste, entre outros.
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